A experiência de 2013
 
        Humana Mente 2013 foi um espetáculo teatral originalmente produzido por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II e do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Rio Branco – Granja Vianna, sob a orientação dos professores de Núcleo de Apoio de História, Caio Mendes, e Inglês, Camila Vilar.
Esses alunos, membros do Grupo de Teatro Rio Branco, quiseram utilizar as artes cênicas para sensibilizar o público em relação à temática das guerras – em especial, os grandes conflitos do século XX. Em quase dois meses de trabalho, o grupo foi estudando em conjunto, trocando impressões e compartilhando referências literárias, musicais, fotográficas e cinematográficas sobre o assunto. O resultado final foi uma peça de teatro apresentada nas unidades Higienópolis e Granja Vianna do Colégio Rio Branco.
            Pensado desde o seu início para ser um espetáculo acessível, o projeto Humana Mente contou com a colaboração da equipe de tradutores e intérpretes do Centro de Educação para Surdos Rio Branco (CES), em particular das intérpretes Amanda Assis e Lívia Vilas Boas. Além da incorporação da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) à peça, essa parceria também proporcionou a produção de um vídeo bilíngue com a narração do poema “Especulações em torno da palavra homem”, de Carlos Drummond de Andrade, em que participam alunos, professores e funcionários do CRB e os intérpretes do CES.
            Por conta de tudo isso, o processo de elaboração do Humana Mente foi apresentado no I Congresso Internacional e III Congresso Nacional de Dificuldades de Ensino e Aprendizagem - Diversidade no Ensinar e Aprender: Educação, Saúde e Sociedade, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em agosto de 2013.
O Humana Mente, portanto, nasceu de maneira despretensiosa. Sem roteiro pré-determinado, este grupo de alunos, professores e intérpretes viu-se envolvido em uma atividade múltipla em sua essência: vários idiomas, várias disciplinas, várias linguagens artísticas, várias abordagens.
O desafio de 2014
 
            Repetir a experiência exitosa de 2013 era um anseio e, ao mesmo tempo, uma angústia. Um anseio, porque os alunos de fato se envolveram no projeto e a repercussão – dentro e fora da sala de aula – foi muito positiva. Uma angústia, porque repetir uma experiência ímpar seria impossível. Ousamos repetir o projeto. Mais uma vez nos reunimos – alunos, professores e intérpretes – e iniciamos nossa conversa, dessa vez sobre os 50 anos do Golpe Militar de 1964, que instituiu um regime ditatorial que perdurou por duas décadas em nosso país, e sobre a juventude dos anos 1960, 1970 e 1980, no Brasil e no mundo.
            Pode-se dizer que o projeto Humana Mente baseia-se em quatro pilares:
1. Colaboração: todo o processo, da concepção ao desenvolvimento, é realizado de maneira colaborativa. Alunos, professores e intérpretes participam ativamente de todas as etapas do projeto;
2. Autenticidade: discutir um tema em profundidade e munir-se de referências – literárias, históricas, artísticas, etc. – faz com que haja aquilo que se chama aprendizagem significativa. Todos os participantes mergulharam no tema e sentiram-se prontos para criar e recriar obras sobre esta temática;
3. Sensibilidade: o grupo acredita que a emoção é capaz de despertar sentimentos no público e promover, não somente um entendimento mais amplo sobre o tema, mas também uma mobilização efetiva;
4. Acessibilidade: somos uma escola inclusiva e todos os alunos, sem exceção, devem ter garantidos o seu acesso e participação nas atividades da nossa comunidade. É uma sociedade assim que queremos.
A exposição
 
        Em alguns encontros semanais, discutimos sobre liberdade, repressão, direitos, juventude, protesto, participação política, igualdade, gênero, sexualidade e poder. Decidimos que queríamos que nosso público se lembrasse (ou não se esquecesse) de algumas questões fundamentais. Não se esquecesse daqueles que foram presos e torturados. Dos mortos enterrados e das famílias dos “desaparecidos”. Da liberdade de expressão e da consequência dos discursos de ódio. Dos direitos civis dos negros e do racismo. Da importância da vida. Do ontem e do hoje.
Com o intuito de valorizar o conhecimento sobre a história do Brasil e manter viva a memória sobre as vítimas da Ditadura militar brasileira, apresentamos uma série de 50 fotografias, uma para cada ano desde o Golpe de 1964. Cada imagem está associada a uma produção audiovisual – poesia, música, dança, performance ou animação – acessíveis ao público surdo e ouvinte e todas elas produzidas por alunos e professores do CRB e intérpretes do CES Rio Branco.
            Como a mão é o principal instrumento para a Língua Brasileira de Sinais, ela serviu de ponto de partida para idealização do projeto. Pensamos nas diferentes configurações de mãos e nas diferentes imagens, ideias e sensações que podem representar.
Aguçar nossos sentidos e mobilizar nossos sentimentos como uma possibilidade de entendermos o que a mente humana é capaz de pensar e fazer. Esse é um dos principais objetivos do Humana Mente. Um olhar para o outro e um olhar para nós mesmos. Uma reflexão sobre a condição humana, afinal... o que é o homem?
Produção audiovisual: Perfeição (Legião Urbana)
Produção audiovisual: Contato
Produção audiovisual: Cotidiano
Produção audiovisual: Pátria Minha 4 (Vinícius de Moraes)
Produção audiovisual: Strange Fruit (Billie Holiday)
Humana Mente 2014
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Humana Mente 2014

Com o intuito de valorizar o conhecimento sobre a história do Brasil e manter viva a memória sobre as vítimas da Ditadura militar brasileira, apr Read More

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